sexta-feira, 17 de agosto de 2012


Por todo lugar, Deus deixa seus sinais


Conta-se que um velho árabe analfabeto orava com tanto fervor e com tanto carinho, cada noite, que certa vez, o rico chefe da grande caravana chamou-o a sua presença e lhe perguntou:


- Por que oras com tanta fé? Como sabes que Deus existe, quando nem ao menos sabes ler?

- Grande senhor, conheço a existência de Nosso Pai Celeste pelos sinais Dele.

- Como assim? - indagou o chefe, admirado.

 

O servo humilde explicou-se:

 

- Quando o senhor recebe uma carta de pessoa ausente, como reconhece quem a escreveu?

- Pela letra.

- Quando o senhor recebe uma joia, como é que se informa quanto ao autor dela?

- Pela marca do ouvires.

 

O empregado sorriu e acrescentou:

 

- Quando ouve passos de animais, ao redor da tenda, como sabes, depois, se foi um carneiro, um cavalo ou um boi?

- Pelos rastros, - respondeu o chefe, surpreendido.

 

Então, o velho convidou-o para fora da barraca e, mostrando-lhe o céu, onde a lua brilhava, cercada por multidões de estrelas, exclamou, respeitoso:

 

- Senhor, aqueles sinais, lá em cima, não podem ser de homens!

 

Nesse momento, o orgulhoso caravaneiro, de olhos lacrimosos, ajoelhou-se na areia e começou a orar também. Deus, mesmo sendo invisível aos nossos olhos, deixa-nos sinais em todos os lugares...

Na manhã que nasce calma, no dia que transcorre com o calor do sol ou com a chuva que molha a relva... Ele deixa sinais quando alguém se lembra de você, quando alguém te considera importante.



[Felipe Aquino]

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