sexta-feira, 30 de novembro de 2012


Tempo do Advento: Você conhece A “Porta da Humildade”?


O Ano Litúrgico começa com o primeiro Domingo do Advento, pois Deus se revela no tempo e na história. A Igreja pedagogicamente utiliza-se destes tempos para nos preparar para estas visitas de Deus, tempos fortes onde meditamos e vivemos características e princípios do Mistério da Salvação.
Quando você visita a Terra Santa principalmente a linda cidade de Belém a 10 km de Jerusalém, onde aconteceu o Mistério da encarnação, antes de entrar na Basílica da Natividade que foi construída sobre a gruta onde Jesus nasceu nos deparamos com a“Porta da Humildade”. É preciso curvar-se para adentrar no Mistério. Para entrar na Basílica, é preciso se curvar e passar por uma pequena entrada de 1,20 m de altura. Essa entrada chama-se Porta da Humildade. Vamos lembrar um pouco o porquê José e Maria, que estava grávida, tiveram que ir para Belém:
Naqueles dias, saiu um decreto do imperador Augusto mandando fazer o recenseamento de toda a terra — o primeiro recenseamento, feito quando Quirino era governador da Síria. Todos iam registrar-se, cada um na sua cidade. Também José, que era da família e da descendência de Davi, subiu da cidade de Nazaré, na Galiléia, à cidade de Davi, chamada Belém, na Judéia, para registrar-se com Maria, sua esposa, que estava grávida. Quando estavam ali, chegou o tempo do parto. Ela deu à luz o seu filho primogênito, envolveu-o em faixas e deitou-o numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria. (Cf. Lucas 2, 1-7).
A Palavra humildade vem do latim húmus, sempre perto do chão, da terra, aquele que não é elevado, não esta acima dos outros, não se ostenta ou que desceu a nossa condição. Os primeiros a viver o caminho e passar pela porta da humildade foram José e Maria e por excelência Jesus: “Sendo ele de condição divina, não se prevaleceu de sua igualdade com Deus, mas aniquilou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e assemelhando-se aos homens” (cf. Fl 2,6-7). É preciso curvar-se, fazer o exercício da humildade para entender como que um Deus tão grande quis salvar toda a humanidade nascendo em condições tão pobres e pequenas. Um Amor imenso se faz tão pequeno, assume toda nossa vida para que mergulhemos na grandeza do seu Mistério de salvação.
Esta é a função do Tempo Litúrgico do Advento passar pela Porta da Humildade para acolher o menino Jesus no Natal:
Advento (do latim Adventus: “chegada”, do verbo Advenire: “chegar a”) é o primeiro tempo e inicio do Ano litúrgico, o qual antecede o Natal. Para os cristãos, é um tempo de preparação e alegria, de expectativa, onde os fiéis, esperando o Nascimento de Jesus Cristo, vivem o arrependimento e promovem a fraternidade e a Paz. No calendário religioso este tempo corresponde às quatro semanas que antecedem o Natal.
O tempo do Advento é para toda a Igreja, momento de forte mergulho na liturgia e na mística cristã. É tempo de espera e esperança, de estarmos atentos e vigilantes, preparando-nos alegremente para a vinda do Senhor, como uma noiva que se enfeita, se prepara para a chegada de seu noivo, seu amado. Tempo de conversão e de uma feliz expectativa do Senhor que vem nascer em nosso coração em nossa vida. O Advento espera de nós, oração, recolhimento e acolhimento do Salvador que nos veio, vem e viráFaça do seu coração essa manjedoura que acolherá o Menino Deus neste Natal.
O que venha a ser O Ano litúrgicoCiclo anual através do qual a Igreja Católica comemora todo o mistério do Cristo, e que consta de: Tempo do Advento, Natal, Epifania, Tempo comum, Quaresma, Semana Santa, Páscoa, Tempo pascal, Pentecostes, Tempo comum novamente até encerrar-se o ciclo no primeiro domingo do Advento depois da solenidade de Cristo Rei do Universo.
O que diz a Igreja: «Ao celebrar anualmente a liturgia de Advento, a Igreja atualiza esta espera do Messias: participando da longa preparação da primeira vinda do Salvador, os fiéis renovam o ardente desejo de sua segunda Vinda. Celebrando o natal e o martírio do Precursor, a Igreja se une ao desejo de este: «É preciso que ele cresça e que eu diminua» (Jo 3, 30). » (Catecismo da Igreja Católica, # 524).
O Advento começa às vésperas do Domingo mais próximo do dia 30 de Novembro e vai até as primeiras vésperas do Natal de Jesus contando quatro domingos.   Esse tempo possui duas características: Nas duas primeiras semanas, a nossa expectativa se volta para a segunda vinda definitiva e gloriosa de Jesus Cristo, Salvador e Senhor da história, no final dos tempos. As duas últimas semanas, dos dias 17 a 24 de Dezembro, visam em especial, a preparação para a celebração do Natal, a primeira vinda de Jesus entre nós. Por isto, o Tempo do Advento é um tempo de piedosa e alegre expectativa.
O Advento recorda a dimensão histórica da salvação, evidencia a dimensão escatológica do mistério cristão e nos insere no caráter missionário da vinda de Cristo. Ao serem aprofundados o texto litúrgico desse tempo, constata-se na história da humanidade o mistério da vinda do Senhor, Jesus, que de fato se encarna e se torna presença salvífica na história, confirmando a promessa e a aliança feita ao povo de Israel. Deus que, ao se fazer carne, plenifica o tempo (Gl 4,4) e torna próximo o Reino (Mc 1,15).
O Advento recorda também o Deus da Revelação. Aquele que é que era e que vem (Ap 1, 4-8), que está sempre realizando a salvação, mas cuja consumação se cumprirá no “dia do Senhor”, no final dos tempos. O caráter missionário do Advento se manifesta na Igreja pelo anúncio do Reino e a sua acolhida pelo coração do homem até a manifestação gloriosa de Cristo. As figuras de João Batista e Maria são exemplos concretos da vida missionária de cada cristão, quer preparando o caminho do Senhor, quer levando o Cristo ao irmão para santificá-lo. Não se pode esquecer que toda a humanidade e a criação vivem em clima de advento, de ansiosa espera da manifestação cada vez mais visível do Reino de Deus.
A celebração do Advento é, portanto, um meio precioso e indispensável para nos ensinar sobre o mistério da salvação e assim termos a Jesus como referência e fundamento, dispondo-nos a “perder” a vida em favor do anúncio e instalação do Reino. A liturgia do Advento nos impulsiona a reviver alguns dos valores essenciais cristãos, como a alegria expectante e vigilante, a esperança, a pobreza, a conversão. Deus é fiel a suas promessas: o Salvador virá; daí a alegre expectativa, que deve nesse tempo, não só ser lembrada, mas vivida, pois aquilo que se espera acontecerá com certeza. Portanto, não se está diante de algo irreal, fictício, passado, mas diante de uma realidade concreta e atual. A esperança da Igreja é a esperança de Israel já realizada em Cristo, mas que só se consumará definitivamente na parusia (volta) do Senhor. Por isso, o brado da Igreja característico nesse tempo é “Maranathá! Vem Senhor Jesus!”.
O tempo do Advento é tempo de esperança porque Cristo é a nossa esperança (I Tm 1, 1); esperança na renovação de todas as coisas, na libertação das nossas misérias, pecados, fraquezas, na vida eterna, esperança que nos forma na paciência diante das dificuldades e tribulações da vida, diante das perseguições, etc. O Advento também é tempo propício à conversão. Sem um retorno de todo o ser a Cristo, não há como viver a alegria e a esperança na expectativa da Sua vinda. É necessário que “preparemos o caminho do Senhor” nas nossas próprias vidas, lutando incessantemente contra o pecado, através de uma maior disposição para a oração e mergulho na Palavra.

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